John Wesley
O fundador do Metodismo
Nome: John Wesley
Nascimento: 17 de Junho de 1703
Local: Epworth/Inglaterra
Falecimento: 2 de março de 1791
Pais: Samuel e Suzana Wesley
John Wesley viveu na Inglaterra do Século XVIII, quando o cristianismo, em todas as suas denominações, estava definhando. Ao invés de influenciar, o cristianismo estava sendo influenciado, de maneira alarmante, pela apatia religiosa e pela degeneração moral. Dentre aqueles que não se conformavam com esse estado paralisante da religião cristã, sobressaiu-se John Wesley. Primeiro, durante o tempo de estudante na Universidade de Oxford, depois como líder no meio do povo. John Wesley pertencia a uma família pastoral, que vivia em Epworth, numa região afastada de Londres. Em seu lar absorveu a seiva de um cristianismo genuíno.
Ao entrar para a universidade, Wesley não se deixou influenciar pelo ceticismo cínico e nem pela libertinagem. Como reação a isso, formou junto com outros poucos jovens, o chamado "CLUBE SANTO". Os adeptos dessa sociedade tinham a obrigação de dar um testemunho fiel da sua fé cristã, conforme as regras da Igreja Anglicana. Eram rígidos e regulares em suas expressões religiosas, no exercício de ordem espiritual e no auxílio aos pobres, aos doentes e aos presos. Por causa dessa regularidade, os demais companheiros da universidade zombavam e ridicularizavam os membros do "CLUBE SANTO" dando-lhes o apelido de "METODISTAS".
Embora cumprisse fielmente a disciplina do "clube", John Wesley não se sentia satisfeito. Durante anos, lutou com esse sentimento de insatisfação, até que em 24 de maio de 1738, na rua Aldersgate, em Londres, passou por uma experiência espiritual extraordinária, que é assim narrada em seu diário:
"Cerca das nove menos um quarto, enquanto ouvia a descrição que Lutero fazia sobre a mudança que Deus opera no coração através da fé em Cristo, senti que meu coração ardia de maneira estranha. Senti que, em verdade, eu confiava somente em Cristo para a salvação e que uma certeza me foi dada, de que Ele havia tirado meus pecados, em verdade meus, e que me havia salvo da lei do pecado e da morte. Comecei a orar com todo meu poder por aqueles que, de uma maneira especial, me haviam perseguido e insultado. Então testifiquei diante de todos os presentes o que, pela primeira vez, sentia em meu coração".
Para John Wesley, clérigo da Igreja Anglicana, esse novo sentir não era como a conversão de um infiel a Cristo. Era um aprofundar na compreensão do que significa ser cristão. O movimento metodista, por muitas décadas não se organizou em igreja. Na Inglaterra o movimento organizou-se em igreja somente pouco depois da morte de John Wesley em 22 de março de 1791. Sendo assim, o fundador do movimento metodista morreu Anglicano, sem nunca ter pertencido à Igreja Metodista.
O início do Movimento Metodista na Inglaterra
Movido pela paixão da fé salvadora, o Movimento Metodista, declina a princípio ligado à Igreja Anglicana. Seu crescimento foi rápido. Várias pessoas se juntavam aos "metodistas" a cada dia para experimentarem a alegria da fé e da confiança em Deus. Isso me faz recordar o início do cristianismo (Atos 2.42-47).
"E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partindo o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos."
Nos meses seguintes, pequenos grupos se encontravam com Wesley para reuniões espirituais e estudos da Bíblia. Com essa atitude, o grupo ficou conhecido como sociedades. É de ressaltar também, que essas reuniões não competiam com os horários de reuniões nas igrejas. Normalmente, aos domingos, Wesley e seu irmão Carlos pregavam nos púlpitos das igrejas de Londres. Eles pregavam sermões incentivando uma mudança de vida, ou seja, o contrário da maioria das igrejas que estavam acostumadas com sermões sem vida e frio.
Em 24 de maio de 1738, Wesley deixou registrado em seu diário a experiência religiosa em ter o coração estranhamente aquecido. Essa data é lembrada como um marco para nós metodistas. Isso implica que as ações de Deus estão além das nossas convicções. A igreja precisa estar apta a servir a sociedade e fazer a diferença na mesma. Para isso, é preciso de homens e mulheres com uma visão de Deus, uma visão humanizadora àqueles (as) que sofrem o caos da pobreza e das injustiças sociais.
O envolvimento do metodismo com as questões da sociedade é uma marca que está na história do surgimento do movimento desde o séc. XVIII. Um dos contextos históricos da Inglaterra foi a Revolução Industrial. Isso fez com que o trabalho do combate à escravidão e luta por melhores salários, principalmente o apoio às crianças pobres, oferecendo o ensino básico, fez com que os metodistas se destacassem.
Por volta do ano 1700 a educação na Inglaterra era privilégio somente de ricos. Por essa razão, John Wesley fundou a Kingswood School em 1748, por entender que o ensino é fundamental na formação de uma sociedade mais justa e igualitária, principalmente às crianças pobres sem condições de estudarem.
Várias famílias que foram para a América do Norte, nas 13 Colônias, levaram as práticas do metodismo. Quando eles conquistaram a sua independência política, desvincularam-se da religiosidade exercida na Inglaterra. Logo, foi criada a Igreja Metodista Episcopal, em 1784. Somente após a morte de John Wesley, que a Inglaterra constituiu o metodismo como denominação independente em relação à Igreja Anglicana.
O METODISMO NO BRASIL
Junius Estaham Newman, pastor metodista e Superintendente Distrital, foi o pioneiro da obra metodista permanente no Brasil. J. E. Newman, recomendado pela Junta de Missões para trabalhar na América Central ou Brasil, nomeação que ele recebeu em 1866, na Conferência Anual. Após ter servido durante a Guerra Civil Americana como capelão às tropas do Sul, observou que muitos metodistas do Sul emigraram para as Américas do Sul e Central e os acompanhou.
A Guerra deixou endividada a Junta, sem possibilidade de enviar obreiros para qualquer local. Newman financiou sua própria vinda ao Brasil, com suas modestas economias. Chegou ao Rio de Janeiro em agosto de 1867, mas fixou residência em Saltinho, cidade próxima a Santa Bárbara do Oeste, província de São Paulo. Desde 1869, pregou aos colonos, mas, dois anos mais tarde, no terceiro domingo de agosto, organizou o “Circuito de Santa Bárbara”.
O primeiro salão de culto foi uma pequena casa, coberta de sapé e de chão batido. Newman trabalhava com os colonos norte-americanos e pregava em inglês. Um dos motivos da demora de Newman em organizar uma paróquia metodista, é que ele pregava, principalmente para metodistas, batistas, presbiterianos e a todos que desejassem ouvir sua mensagem, pensando ser mais sábio unir os “ouvintes” em uma única igreja, sem placa denominacional. Mas depois todas as denominações organizaram-se em igrejas, de acordo com sua origem eclesiástica nos EUA. Newman insistiu, através de suas cartas, para que os metodistas norte-americanos abrissem uma missão em nosso país. Em 1876, a Junta de Missões da Igreja Metodista Episcopal Sul, despertada através da publicação das cartas nos jornais metodistas nos EUA, enviou seu primeiro obreiro oficial: John James Ranson. Dedicou-se ao aprendizado do português para proclamar a boa-nova aos brasileiros.
J. E. Newman e sua família se mudaram para Piracicaba, SP, onde permaneceram entre 1879 e 1880, quando as filhas de Newman, Annie e Mary, organizaram um internato e externato. O “Colégio Newman” é considerado precursor do Colégio Piracicabano, hoje Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba).
Os dez primeiros anos de trabalho com os brasileiros
O período entre 1876 e 1886 é geralmente denominado de “Missão Ransom”, visto que ele organizou toda a estrutura. Ele não teve pressa para estabelecer o campo de trabalho: descartou Piracicaba, fez um reconhecimento do Rio Grande do Sul, mas escolheu o Rio de Janeiro como centro estratégico para propagar o metodismo. J. J. Ransom iniciou sua pregação mais tarde, a fim de dominar o português. Em janeiro de 1878, iniciou sua pregação em inglês e português, no Rio de Janeiro. Os primeiros brasileiros foram recebidos à comunhão da Igreja em março de 1879, sem serem rebatizados. No mês de julho seguinte, quatro pessoas da família Pacheco foram recebidas.
Ransom casou-se com Annie Newman, no Natal de 1879, que veio a falecer em meados do ano seguinte. Ele regressou aos Estados Unidos em busca de mais pessoas dispostas a contribuir na tarefa missionária no Brasil. Voltou, dois anos depois, com James L. Kennedy, Marta Watts e o casal Koger. Todos contribuíram na expansão geográfica da missão e também para a educação.
A educadora Marta Watts veio como missionária com a tarefa de educar crianças e moças brasileiras. O Colégio Piracicabano, primeiro educandário metodista no Brasil, foi fundado em 13 de setembro de 1881, com a matrícula de apenas uma aluna, Maria Escobar. Fatores como a capacidade e dedicação da diretora e o novo método do colégio chamaram novas alunas, a partir do ano seguinte. O educandário foi a semente para a Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), criada em 1975. Frances S. Koger, ou simplesmente Fannie, fundou uma escola para crianças pobres em Piracicaba, demonstrando assim, o interesse pela educação de crianças pobres. Além dos missionários fundadores das principais igrejas: Ransom, Rio de Janeiro, 1879; Koger, Piracicaba, 1881 e São Paulo, 1884; e Kennedy, Juiz de Fora, 1884 – destacam-se, por exemplo, obreiros leigos que precederam Kennedy na preparação do trabalho em Juiz de Fora e outros primeiros obreiros leigos. São eles: Bernardo de Miranda, Ludgero de Miranda, Felipe Relave de Carvalho e Justiniano de Carvalho receberam nomeação episcopal em 1886. Na Conferência Anual de 1887, com exceção de Ludgero, todos foram admitidos à Conferência, em caráter de experiência. Mas na Conferência Anual de 1890, o bispo J. C. Granbery admitiu os quatro obreiros, ordenando-os diáconos. Algum tempo depois, leigas foram chamadas de “Mulheres da Bíblia”, ocupando-se com visitações e leitura da Bíblia com outras mulheres. Em 1° de janeiro de 1886, foi publicada a primeira edição do Metodista Católico, atual Expositor Cristão.
Conferência Anual
Em setembro de 1886, foi realizada a Conferência Anual (que hoje equivale a um Concílio), na capela da Igreja Metodista no Catete, em 16 de setembro de 1886, abrangendo duas coisas diferentes: área geográfica e assembleia metodista anual. O território metodista no Brasil possuía quatro centros principais:
• Catete (Rio de Janeiro) – com duas congregações: estrangeira (com pregação em inglês) e brasileira, totalizando 63 membros. Um novo templo foi inaugurado em 5 de setembro de 1886, às vésperas da Conferência Anual.
• São Paulo – tinha apenas 13 membros arrolados, mas sem propriedades.
• Juiz de Fora e Piracicaba – possuíam templos modestos, com 31 e 70 membros, respectivamente. Nos quatro centros principais e em outros menores contavam-se 214 membros arrolados e seis pregadores locais.
A Conferência Anual formulava a estratégia da região; os itinerantes (pregadores), que eram avaliados com relação ao seu trabalho e seu caráter e recebiam nomeação do Bispo. Um motivo primordial tornava essencial a organização de uma Conferência Anual: reconhecer, com urgência, o metodismo brasileiro como pessoa jurídica, uma ênfase da 2ª Conferência Anual Missionária, em julho de 1886. O governo imperial não reconheceu a Junta de Missões como pessoa jurídica. Somente na República que a Conferência Anual foi reconhecida como pessoa jurídica, para o desapontamento da liderança da Igreja daquela época.
A necessidade de organizar uma Conferência foi reconhecida pela Conferência Geral da Igreja Metodista Episcopal Sul, que deu autorização para o primeiro Bispo visitar a Missão, para constituir a Conferência. Em virtude dos poucos membros com que a Conferência contaria, o bispo Granbery quase desistiu de realizá-la. Os obreiros nacionais ainda não eram itinerantes; Newman foi rebaixado para pregador local na Conferência dos EUA; Koger havia morrido, em janeiro de 1886 e Ransom foi “devolvido” em agosto daquele ano.
Apenas o chamado “Trio de Ouro” participou do evento: Kennedy (evangelista, construtor de igrejas e o historiador do metodismo brasileiro, com o livro “Cincoenta Annos de Methodismo no Brasil”); Tarboux (pregador e pastor das principais Igrejas Metodistas e primeiro bispo da Igreja Metodista do Brasil, eleito em 1930) e Tucker (agente da Sociedade Bíblica Americana e fundador do Instituto Central do Povo). O Bispo convocou os três membros para a organização da Conferência Anual, muito simples e breve, mas um dos momentos decisivos do metodismo brasileiro.
O crescimento da Igreja no Brasil
• No Sul e Sudeste: A Igreja Metodista foi crescendo no Rio Grande do Sul, em São Paulo, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
• No Norte e Nordeste: No Norte do Brasil, o Rev. Justus Henry Nelson trabalhou por muitos anos fundando igrejas no Amazonas e no Pará. No nosso hinário evangélico, temos muitos hinos do Rev. Justus H. Nelson (veja os hinos 82, 121, 130, 265, 286, 295, 388, 453, 457). Também o Rev. Willian Taylor trabalhou no Nordeste, fundando igrejas no Pará, Maranhão e Bahia. Uma coisa muito triste foi a falta de apoio das juntas de missões para o trabalho metodista no Norte e Nordeste do Brasil. Os missionários do Sul e Sudeste do Brasil também não se interessavam pelo trabalho missionário por causa da distância desta região de São Paulo e Rio de Janeiro. O Rev. Justus H. Nelson morreu em Belém do Pará, onde está sepultado. O Metodismo cresceu bastante no Sudeste do Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo), que até hoje são as maiores regiões da Igreja Metodista no Brasil. Durante o período em que esteve no Brasil, o Rev. John James Ransom fundou um jornal chamado “O Metodista Católico” (1886) que no ano seguinte mudou de nome, passando a se chamar “Expositor Cristão”. Este nome existe até hoje, é o nosso jornal Metodista.
A autonomia da Igreja
Como a Igreja cresceu, era necessário que se tornasse independente dos Estados Unidos. Após muita discussão, a Igreja Metodista tornou-se independente em 2 de setembro de 1930, em São Paulo. Elegeu-se o primeiro bispo da Igreja, chamado Willian Tarboux, que era americano. O primeiro bispo metodista brasileiro chamava-se César Dacorso Filho, eleito em 1938.
Para que uma Igreja fosse autônoma ela deveria possuir 3 requisitos:
• Auto-sustento (condições financeiras).
• Ministério próprio (pastores brasileiros).
• Auto-propagação (condições de crescer sozinha).
As regiões eclesiásticas no Brasil
No Brasil, as Igrejas Metodistas estão organizadas em Regiões Eclesiásticas:
1ª Região: Rio de Janeiro, Distritos de Angra dos Reis, Barra Mansa, Campo, Cascadura, Catete, Caxias, Irajá, Jacarepaguá, Nilópolis, Nova Iguaçu, Realengo, Resende, Santa Cruz, São João de Meriti, Valença, Volta Redonda e Xerém.
2ª Região: Rio Grande do Sul
3ª Região: São Paulo (Região Metropolitana, litoral, Vale do Paraíba e região de Sorocaba)
4ª Região: Minas Gerais e Espírito Santo
5ª Região: Mato Grosso do Sul, Interior de SP, Triângulo Mineiro mais duas cidades do Sul de Minas Gerais (Poços de Caldas e Campestre).
6ª Região: Santa Catarina e Paraná
7ª Região: Rio de Janeiro (Araruama, Búzios, Campos, Cabo Frio, Itaocara, Macaé, Magé, Niterói, São Gonçalo, Pádua, Petrópolis, Teresópolis e Três Rios).
8ª Região: Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Tocantins.
REMA: Região Missionária da Amazônia
REMNE: Região Missionária do Nordeste
Fontes:
Sites: www.metodista.org.br
www.metodista-rio.org.br
Prof. Duncan Alexander Reily - Imprensa Metodista
Momentos Decisivos do Metodismo